Reconstruir virgindades

Alguma vez relembraram como foi descobrir uma coisa boa pela primeira vez? Eu ando obcecada com isso - há coisas para as quais gostava muito de readquirir virgindade, sentir outra vez aquele uaaau-que-coisa-espectacular (perceberão com isto que este post não tem portanto nenhum cariz sexual).

Não é nostalgia, não é reaccionarismo, não é melancolia. Não vem de um qualquer sentimento de carência, não penso nisto sentada num canto em posição fetal. Não. Há simplesmente coisas mesmo mesmo mesmo geniais no mundo para as quais deveria haver uma bolha espácio-temporal revolucionando em situação de presente permanente para as (re)descobrirmos constantemente. Assim tipo memória de peixinho dourado.

Não é que já não sinta entusiasmo nenhum ao reviver essas coisas, mas re-viver não é a mesma coisa.
Assim, para já, reivindico novas virgindades para:
- o livro "What is the what" (Que é o quê) de Dave Eggers
- a série "West Wing" (Os homens do Presidente)
- o eriçar dos pelos dos braços com o cheiro de um avião pronto a partir

1 comentário:

Anónimo disse...

Sinto isso, não sei bem se na mesma medida que tu, quando olho para a minha irmã M. a vibrar e em puro êxtase por ir tomar café a seguir ao jantar, comer uma pizza num restaurante, ir jantar fora com as amigas num dia de semana, ir passar uma semana fora de casa nas férias, experimentar framboesas (ela nunca tinha experimentado, como é possível????!), a ansiedade e a expectativa da primeira aula de condução, torcer o nariz com o cheiro do vinho e depois com o sabor dele nos lábios... tantas, tantas primeiras vezes e acompanhar isso é tão bom quanto angustiante. Por um lado sentes ternura, por outro, inveja, porque é inevitável associar isso à idade e pensar que, cada vez, vão ser mais raras as nossas “primeiras vezes”! Soube me a pouco a tua passada por Lisboa… Bjs. J.