Andando-se pela Costa do Castelo a horas variadas do dia, vêm-se uma data de jóias. No outro dia, de tarde, estaciono o carro em frente ao Terraço, assim meio em cima do passeio. Aproxima-se então um senhor já entradote, com ar responsável mas não ostentando no entanto nenhum crachá da EMEL a dizer: olhe menina, se quizer esperar mais uns dez minutos pode estacionar ali à frente onde está aquele cinzento, que ele costuma sair as 4. E vendo a minha cara de espanto face ao detalhe da informação, diz o senhor com tom esclarecedor: eu sou o senhor Diogo. Ah tá bem, assim já percebo.
Numa noite, jantei na tasquinha do largo do Castelo. Estavam lá a pendurar fitas (guirlandes), réplicas de manjericos e imagens a dizer "Santa + do Castelo". O rapaz da tasca tinha lá o pai e uns amigos a ajudar. Aquilo não estava a correr nada bem, porque mal o rapaz foi a outro lado qualquer buscar mais decorações, o pai sentou-se numa cadeira e abriu uma jola, os amigos desceram para a frente de um prédio e começaram a conversar com uma senhora (ou senhor?) que entretanto apareceu à janela, à cerca de que bairro ia ganhar a marcha este ano. Uma das amigas - assim cheiinha, com um rolito de chincha roliça à volta da cintura - sentou-se em frente ao pai do rapaz e liga do telemovel para outra amiga: "oh Carla, amanhã queres ir tomar café com a Tânia ou jantar com a Andreia?". A rir-me para mim, olho para o menu que vinha em Português, Espanhol, Inglês e Francês: a Febra à Chefe era "meat of pig to the head".
Por acaso gostava de me poisar num sítio onde há movimento para pendurar guirlandes, onde pais preguiçosos se esquivam ao trabalho assim que filhos viram as costas, onde Carlas, Tânias e Andreias combinam programas, onde ser-se o senhor Diogo é evidente, onde se fala da rua para a janela, onde não sou a única que tem chinchinha à volta da barriguinha, e onde ainda há quem me trate por "menina".

Sem comentários:
Enviar um comentário