De manhã consulto todos os jornais e documentos disponíveis online para tentar perceber o que se vai passando no Darfur. Leio que ataques contra civis e pessoal humanitário aumentaram drasticamente, que crianças estão a ser recrutadas para o combate, que Khartoum está a concentrar tropas no Norte e Oeste da região, que o mandato da União Africana expira a 30 de Setembro e ninguém sabe o que vai acontecer depois, que o exercito de Khartoum vai combater a força da ONU se esta algum dia puser os pés no Darfur.
De tarde entrevisto potenciais DJs, revejo menus de alta gastronomia, preparo cartões para lugares, faço provas de vestido de noiva, faço desporto para perder alguns quilos, percorro sapatarias e considero dar ou não dar 400€ por um bolo.
Estou neste momento a viver em duas bolhas, duas vidas que têm os seus próprios ritmos mas que evoluem em vácuo, em circuito fechado, tendo como horizonte uns quantos meses aqui e uns quantos meses ali.
Preciso superar a tentação da esquizofrenia do meio-dia.
Direita: direito, reivindicação, nemesis política
Humana: ego, compaixão, imperfeição
A minha padaria

Os habitués deste blog já conhecem a minha paderia aqui de Berlim, gerida por uma família de motoqueiros tatuados com cara de maus que vende os melhores pães e croissants do bairro e que não assusta as crianças.
Pois bem, a família de padeiros foi de férias e deixou este delicioso cartaz à porta. Reproduz a foto que têm lá dentro em formato mega mega-gigante e a cores.
Para verem que não exagerei na descrição!
Adaptação
Parte da readaptação à civilização é habituar-me a andar na rua de saia curta e T-shirt curta sem me sentir nua, dar a mão ao príncipe em público sem me sentir julgada, ouvir sinos de igreja e não sermões de minaretes, poder comprar natas frescas e água tónica em qualquer lado e beber uma jola no café da esquina.
E é também continuar a sentir-me estrangeira e embarassada por não conseguir exprimir-me com a senhora do supermercado, com o senhor dos jornais e com a padeira (coisa que estranhamente não acontecia com o Arabe).
E mais fácil viver com a barreira cultural e linguística do Sudão do que com a de Berlim. Lá, sou diferente de qualquer maneira, faça o que fizer. Aqui estou integrada numa aparência de normalidade em que me sinto muito mais isolada e autista.
Talvez o investimento que fiz ontem em livros de exercícios de Alemão nível B-1 traga frutos.
E é também continuar a sentir-me estrangeira e embarassada por não conseguir exprimir-me com a senhora do supermercado, com o senhor dos jornais e com a padeira (coisa que estranhamente não acontecia com o Arabe).
E mais fácil viver com a barreira cultural e linguística do Sudão do que com a de Berlim. Lá, sou diferente de qualquer maneira, faça o que fizer. Aqui estou integrada numa aparência de normalidade em que me sinto muito mais isolada e autista.
Talvez o investimento que fiz ontem em livros de exercícios de Alemão nível B-1 traga frutos.
Direitos humanos em jogo
Este é provavelmente a coisa mais ridicula que já vi:
www.darfurisdying.com
Em contrapartida este tem potancial:
www.peacemaker.com
O mais irónico é que há umas semanas atrás eu tinha elaborado uma teoria para um jogo a que dei o nome de "Peacemaker" que depois mudei para "Peacebroker".
O princípio do jogo era:
- situação de partida caótica: regiões do mundo em guerra
- cada jogador representa um Estado e recebe um cartão com o pano de fundo da sua própria história: antigas alianças, crimes cometidos, crimes sofridos, fragilidades internas, parcerias económicas etc...
- o objectivo do jogo é estabilizar o mundo
- o método é exercer diplomacia junto dos outros jogadores
- cada jogador encarna o seu país (jeu de rôle) e toma decisões seguindo um princípio de racionalidade, tendo em conta o seu passado, os seus interesses e a evolução da atitude dos outros jogadores.
O que é lindo é que neste meu jogo, cada partida seria diferente, em função dos jogadores que nela participam.
Ainda tenho que pensar melhor nos detalhes, mas alguém partocina a minha ideia?
www.darfurisdying.com
Em contrapartida este tem potancial:
www.peacemaker.com
O mais irónico é que há umas semanas atrás eu tinha elaborado uma teoria para um jogo a que dei o nome de "Peacemaker" que depois mudei para "Peacebroker".
O princípio do jogo era:
- situação de partida caótica: regiões do mundo em guerra
- cada jogador representa um Estado e recebe um cartão com o pano de fundo da sua própria história: antigas alianças, crimes cometidos, crimes sofridos, fragilidades internas, parcerias económicas etc...
- o objectivo do jogo é estabilizar o mundo
- o método é exercer diplomacia junto dos outros jogadores
- cada jogador encarna o seu país (jeu de rôle) e toma decisões seguindo um princípio de racionalidade, tendo em conta o seu passado, os seus interesses e a evolução da atitude dos outros jogadores.
O que é lindo é que neste meu jogo, cada partida seria diferente, em função dos jogadores que nela participam.
Ainda tenho que pensar melhor nos detalhes, mas alguém partocina a minha ideia?
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